Hospitalidade

Piano e sax ecoando dentro de um apartamento pequeno têm tudo para pedir o acompanhamento de um outro tipo de instrumento: o interfone, com vizinhos enlouquecidos do outro lado. Mas o regimento interno de um condomínio tem suas exceções, e, nesse caso, sua licença poética. É que estamos falando de Duke Ellington & John Coltrane. A sonoridade eleva feito elevador, mas para outra dimensão. Relaxa. Acalma. Parece esmerilhar a intenção sublime de enlevar até os síndicos mais mal-humorados. O bom hábito a que me afeiçoei nos últimos dias se tornou um grande hospitaleiro. Sempre que chego em casa, é ele que me recebe. Tira minha mochila, meus sapatos, prepara uma iluminação aconchegante, deixa o vento delicioso da sala entrar, acende um incenso e então convida o duo para sua apresentação sempre exclusiva. Os vizinhos (espero) agradecem.





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