textos do tamanho da sua paciência

Eu estudo você sem que você perceba. Mas na hora da prova, meus zeros são bem redondos. Então, fico de exame. Tiro a média. Passo de ano. E quase reprovo.

Palavrinha mágica e sintetizadora de relações. É o DNA da empatia, é o santo que bate. É o que une ou separa. Sem sinergia, você pode até reconhecer qualidades na pessoa, mas a coisa não vai pra frente. Sem sinergia não há alegria.

Um torcicolo em que cabeça e pescoço são mais do que nunca dependentes ao corpo. Chutar a porta com o dedo mindinho do pé. Bater a cabeça na quina da mesa. Um tombo daqueles dignos de videocassetada. Nenhuma dor é tão escandalosa como a dor na alma. A dor na alma é vulnerável a garoas. Então por aí já se pode imaginar o sofrimento que uma tempestade traz. E eu pergunto outra vez: existe gelol para a alma?

Uma jovem e um menino de rua estão lado a lado aguardando o sinal fechar para atravessar a avenida. Ele está abrindo a embalagem de um Cup Noodles. Ela o observa. Ele joga o plástico na rua. Ela o intercepta: - Ei, não jogue lixo na rua, não. É feio. Ele responde: - Lixo na rua é feio. E eu?

Ai de mim melancolia, que inspira e me faz companhia...

As minhas luas são tantas que até perco as contas. Às vezes são dias inteiros no escuro, sem que o sol apareça, sem que a paz aconteça. As minhas luas me deixam nua e crua de dor. Fico em carne viva e até Deus duvida do meu amor.

Eu me apropriei dos sonhos. Mas sonhos não são propriedades de ninguém. Eles estão aí, livres, leves e soltos no espaço, feito balões, para quem ousar pegá-los. E quando se pega, se sofre, porque sonhos são lindos e muito alegres. No entanto, sonhos não são dignos de pessoas. Apenas de corações.

Amanhã não é futuro. Amanhã é dia de passado, sem presente. Amanhã é um dia que nunca deveria ter chegado há dois anos. Amanhã é um dia de distâncias entre o que foi e o que nunca mais será. Amanhã é um dia para ficar em casa. E não porque é feriado. Mas porque é dia doze.

A minha convicção é tão minha quanto sua. Porque quando você chega, minha vontade de cinema, de sorvete, de passeio, acaba: só tem graça se você estiver junto.

Ele me ama. E eu não sei por quê. Ele me odeia. Mas eu sei por quê. Ele me agrada. E eu não sei por quê. Ele briga comigo. Mas eu sei por quê. Ele é gentil comigo. E eu não sei por quê. Ele é estúpido comigo. Mas eu sei por quê. Ele diz que quer ficar comigo para sempre. E eu não sei por quê. Ele diz que vai embora. Mas eu sei por quê. Ele diz muitas coisas e eu sei por quê. Mas eu ainda estou com ele. E não sei por quê.

Dia 12 de outubro é o aniversário da saudade. Daquela saudade que é quase sempre chata e em outros momentos, mais camarada, mas é sempre saudade. Aquela saudade que se confunde com nós mesmos, com o que somos ou com o que nunca vamos deixar de ser. Aquela saudade que não nos deixa esquecer do melhor e pior que fomos. Aquela saudade que não perdoa e nem se deixa perdoar. Aquela saudade que não vai embora, porque não é ela que vai - as coisas é que vão e ela fica. Aquela saudade que emociona a todo o instante do dia, e que ao mesmo tempo ensina a ser forte. Aquela saudade que jamais se comemora. Apenas se chora.

Sim, estou triste. E não é para menos. Você levou a geleia de morango embora. Com você. O que sobrou foram apenas restos na faca e resquícios na manteiga. Eu não pude deixar de perceber também que ainda há o cheiro na geladeira. Das doces vezes em que ela surgia para acompanhar a bolacha de sal ou o pão com manteiga. Mas agora você foi embora. E sabe-se lá quando vai voltar. E se vai voltar mesmo. Mas se isso acontecer, se você voltar, será que ela já terá acabado? Ou será que ela terá sido abandonada em um canto qualquer da sua nova geladeira e, ali, esquecida, terá vencido? Será? Volte, por favor. Sem você, nada tem o mesmo sabor.

Por ter experimentado o grau mais alto que a dor na alma pode causar, posso afirmar que a máxima "o tempo cura tudo" nada mais é que uma falsa esperança para os que sofrem a morte. O que acontece é que aprendemos a viver pela metade, com o nó na garganta, com o buraco no estômago. E é pelas distrações (e somente por causa delas) que se sobrevive. As distrações são como um corrimão sobre o qual se apoia para não cair. Porque sempre que o aniversário do que é triste se aproxima, tudo volta ainda mais intensamente. Como alguém que sofre de abstinência e tem uma recaída.

Pai é para sempre. Especialmente o meu, cuja presença tão doce eu posso sentir a todo momento, durante todo o meu dia. Isso é possível por causa de algo mágico e indescritível chamado Amor. Algo que é tão parte de mim, que me toma o ser. A palavra Pai me remete ao meu melhor, aos melhores sentimentos que eu posso ter, porque eu tive um que foi a representação máxima disso e que me fez sentir assim todos os dias da minha vida. Sou privilegiada por isso. Porque um pai como o que eu ganhei ninguém jamais terá.

O mais difícil não é lidar com as pessoas. Mas sim com as pessoas que às vezes somos.

Por um motivo muito nobre somos movidos àquilo que temos mais afinidade: nossas vocações. E quando algo mais forte que pessoas e coisas consegue nos convencer a mudar, é porque somos feitos dessa mesma nobreza. Sonhos são assim nobres. Nunca pobres.

Esta segunda pede atenções desviadas para cá. Pra este espaço-escape do meu dia. Porque é aqui que preencho o vazio dos dias que já não me motivam mais. Quando eu quero fugir é pra cá que venho. Aqui você me encontra, como em nenhum outro lugar. É aqui que você me descobre e me entende, ainda que não entendendo o que tento dizer. Cansada.

Tem gente que não sei. Tem gente que vou te falar, viu. Tem gente que pelamor. Tem gente que não vou nem comentar. Tem gente que Deus do céu. Tem gente quarta-feira. Tem gente que nem parece gente. Tem gente que ah, deixa pra lá.

Quanto mais perto ele chega para me aquecer, mais frio eu sinto na barriga. E é a essa temperatura que me acostumei viver desde que o conheci. Na vitrine da loja próxima do trabalho dele, há vestidos repetidos aos meus olhos, já e tão cansados de vê-los. A minha admiração não está na moda sobreposta às manequins, mas sim em poder observá-lo de longe, sem ser notada, contemplando seus gestos espontâneos, autênticos, passíveis de sinceridade apenas quando se está sozinho. E é ali que fico todas as quartas-feiras, sempre que tenho tempo livre. É que a noite demora para chegar. E o amor tem pressa.

Você tem ene possibilidades de ser. Mas é, de fato, somente um. E este um é às vezes difícil de ser. E quanto mais normais são as tentativas, mais fadado ao fracasso se está. Porque para ser não se pode pensar. Apenas estar.

Embora você esteja por perto, haverá sempre a distância de um tempo que não volta mais e que jamais fará do que restou de hoje as possibilidades de antigamente. Dói muito mais aquilo que não se viveu do que o que tenha sido vivido. Os dias são feitos de ses, e por mais presente que você esteja, o passado sempre aparece em alguma noite fria de segunda-feira. É o preço que se paga por ter tido medo demais, por ter sido besta demais, por não ter vivido demais.

Os incomodados que se mudem é um ditado de elegância, digno de livros de etiqueta. Sair antes que os ânimos se alterem é não perder o timing e manter os bons momentos intactos.

A falta que você me faz não tem tamanho. Porque quando você se foi, foi também o meu colo no mundo e uma parte grande de mim. A caverna, nossa casa, que era meu refúgio, já não é mais minha caverna sem você. Sinto que já não tenho mais um porto, porque para ser porto é preciso que você esteja lá me esperando. Mas você não estará nunca mais.

É libertador saber que não se pode controlar pessoas. E é libertador à medida que é aterrorizador não poder controlá-las. Quando você se dá conta disso, percebe o quanto é feliz por apenas fazer sua parte.

Algumas pessoas têm estado ocupadas demais. Ou preocupadas. Ou deprimidas. Para essas pessoas, o verbo é sempre provisório, mas a temperatura real, a mais devastadora. Porque elas continuam acreditando - e querendo acreditar - que o momento atual é fase e vai passar. E o estado, de tanto estar, torna-se. Em que estado você vive?

Nascemos de uma ligação forte de afeto, provando o quanto somos todos um só, mas imediatamente somos separados, provando o quanto somos únicos. E essas provações não param por aí, continuam ao longo de nossa vida. No primeiro dia de escola estamos lá novamente: os pais, do lado de fora do muro chorando, e a criança, do lado de dentro, esperneando. O corte acontece no momento em que os pais entregam a criança à professora. E como dói! Depois, a entrega da filha ao genro. Mais um corte daqueles, e cuja dor não é privilégio apenas dos pais. (Tenha certeza de que os filhos também sentem muito.) Em todos os casos há dor. Mas o corte é preciso, senão infecciona.

Seu coração tem a velocidade dos seus pensamentos. E quanto mais longe seus pensamentos forem, mais rápido seu coração vai bater para alcançá-los. Onde mesmo você quer chegar assim?

Você não é detentor absoluto do poder de consumir coisas. Pois coisas também consomem você, e não ficam mais pobres. Pelo contrário, enriquecem ao custo da sua energia. Você enfraquece e elas ficam fortes. Portanto, jogue fora todas as coisas que consomem você. A isso estão incluídas pessoas. Jogue fora da sua vida. Assim, até o ar, mesmo em São Paulo, fica melhor.

Bem que disseram que 2010 seria um ano especial. Logo se vê pelo número, que tem dez e também o vinte - o dobro do que se pode esperar de coisas boas. Tenho visto tanta gente realizando o que há muito tempo batalhava para conquistar. Uma energia assim, do bem, só pode mesmo se multiplicar e criar uma atmosfera que coloca todos numa mesma frequência. Felicidade contagia.

Teve um dia que todas as pessoas pareciam mais velhas e experientes. Parecia que o mundo era visto com olhar e estatura de uma criança feita de medos e inseguranças, submissa às palavras e atitudes dos outros. Nesse tempo, era presente inexistir.

Não pense nas possibilidades. Apenas na sua verdade. Porque os leques são muitos e as mentiras de mais.

Um dia eu hei de colocar todos os meus desejos em uma sacola e hei de esquecê-la dentro de um táxi qualquer.

Sempre que você desperta de um sono bom, eu acordo sorrindo. E é assim nossos dias, que ainda que cheio de coisas iguais, é diferente. Porque você está ali, como um presente-surpresa pela manhã. O cheiro de café quentinho que vem da cozinha e inunda os poucos sessenta metros quadrados do nosso apartamento é um dos seus melhores perfumes. Combina com você, com a gente, com os dias que nascem sempre cheios de vontade de ser ainda melhores.

Mesmo sendo otimista, às vezes é preciso ouvir que vai dar tudo certo. Até porque o cansaço cansa e as energias adormecem. No entanto, algumas coisas têm hora certa para serem ditas ou perguntadas. E perto de você eu me calo. A voz não sai. E quando isso acontece, você nem imagina que por dentro estou em lavas. E aí que eu me mantenho calma, como a profundidade do oceano, para que você nada perceba e nem se preocupe comigo. Isso também é amar, não é?

- Vovó, o que é internar? - Internar?! - É... - Por que, Dudu?! - Porque o papai falou que vai internar você.

A alma que está em fase de crescimento, de tempos em tempos, espicha de uma vez. E sempre que estica, dói. Ai!

Cemitérios nunca terão como arquétipo a felicidade. Mesmo que haja paz e o dia seja lindo, de sol e céu azul, aquela vasta imensidão de verde e flores jamais será um parque para fazer piquenique com a família ou brincar com o cachorro. Outro dia estive lá, num dia exatamente como o citado. E dessa vez, o silêncio reinante foi interrompido por um casal de senhores que chegou com um poodle saltitante. O cachorro corria euforicamente entre os túmulos, inclusive com direito a xixi em um deles. Até que o bichinho, que não teve culpa nenhuma por estar ali, se aproximou de mim. Algumas coisas são tão surreais, que é difícil acreditar que estão mesmo acontecendo. Então, tive que pedir para os senhores-sem-noção levarem o animal para o carro. Além de receber um olhar feio, ainda ouvi o comentário de que eu estava com medo do poodle. Algumas pessoas são tão bestas, que é preciso orientá-las o tempo todo.

Se a vida é um filme, o domingo é de drama, a segunda-feira de guerra. Terça, suspense. Quarta, ação. Quinta, comédia. E o final de semana, feliz.

Mesmo chegando sempre pelo mesmo aeroporto, todas as vezes que vou a Campo Grande vejo a cidade e tudo o que é importante pra mim por um ângulo diferente - melhor. Então percebo o quanto São Paulo, o tempo, os livros e o amor têm me tornado uma pessoa melhor. É a paz que vem do interior. Da capital-interior mais linda do Brasil.

Seria possível o amor de tia ser igual ao amor de mãe? Posso afirmar que sim três vezes, embora eu ainda não tenha me tornado mãe. Meus sobrinhos são meus tesouros, e o amor que devoto a cada um é único, incondicional e igualmente imenso. Como cabe tudo isso em um só coração? Coração de tia pode ser como coração de mãe, porque ser tia é algo muito especial. Antes de sermos irmãos dos pais, já somos tios e tias. São as crianças que nos batizam assim. Sinta-se privilegiada.

Ainda que na internet, exposto à compartilhação de informações e a participações, este blog é o único espaço onde eu posso dizer o que não se diz em trocas de e-mails, posts de twitter, nem em recados de orkut. É onde posso dizer o que vi na rua, o que escutei no trabalho, o que esperei de pessoas, o que observei em atitudes, o que entendi das coisas. E mesmo vivas de interpretações, de signifcados e significantes vagos, essas palavras são luz no dia a dia.

Você anda por aí livre nas ruas e nem imagina que cruza com pessoas que conhecem você. Você vai por aí livre às baladas e nem imagina que a pergunta Eu não te conheço de algum lugar ? é na verdade uma afirmativa séria. Você anda por aí livre de mãos dadas e nem imagina que tem coisas suas espalhadas pelos computadores da cidade. Você anda por aí livre e nem percebe que o seu bom dia e obrigado podem fazer diferença em ano de eleição. Você anda por aí livre e nem sequer consegue controlar sua mente. Livre? Quem mesmo?

Existe alguma coisa no ar que eu não consigo identificar. Este ar que eu inspiro mas não consigo expirar. Ele trava ali, na região do peito, e não consegue escapar. Ele chega profundo e afunda fundo. Até faltar o ar.

Eu não me alimento dos seus defeitos, nem dos seus preconceitos. E para mim, seus discursos são indigeríveis.

Se a emoção fosse uma pessoa, ela seria de Aquário, com ascendente em Peixes e lua em Escorpião. Se a emoção fosse uma pessoa, seria um poço de sensibilidades em tudo o que diz respeito a relacionamentos - família, amigos, amores. E sofreria muito. Se a emoção fosse uma pessoa, teria poucos medos. Seria corajosa e também forte o suficiente para lutar contra forças da natureza que às vezes insistem em nos derrubar. Se a emoção fosse uma pessoa, veria o lado bom das pessoas e acreditaria nelas. Se a emoção fosse uma pessoa, se sentiria muito mal em mentir, omitir ou ter que dissimular qualquer coisa que fosse. Se a emoção fosse uma pessoa, desejaria ter o remédio que livrasse o mundo da mediocridade. Se a emoção fosse uma pessoa, pensaria apenas com o coração. Se a emoção fosse uma pessoa, não seria nada fácil ser ela.

Daquelas velhas histórias que se contam em bancos de praça, escutei uma que me pareceu nova. Embora fossem ainda dez da manhã, o sol parecia desejar que o relógio marcasse meio-dia, de tão forte que surgia naquela manhã. E eu não me importei. Continuei ali sentada, esperando por nada. Prestando atenção apenas aonde a imaginação daquelas palavras me levariam. E foi lindo. Estive por alguns minutos bem longe de qualquer coisa que me tornasse o que eu não fosse. Por alguns minutos, fui eu, completamente eu, intensa, vívida, alegre, sem intervenções de preocupações, sem lembrar do que não se deve ser lembrado. E nesses minutos, eu estive bem. Muito bem. Talvez como poucas vezes me senti. Obrigada.

Quando o dia amanheceu já era noite. Dessas escondidas por trás da montanha, à espreita, à espera. Ela nunca mais o viu.

Todos os meus livros têm insônia. Mas eu tenho sono. E ao mesmo tempo que tenho sono, quero insônia. Insônia para ler mais um pouco que a mesma linha infinitas vezes. Insônia para chegar ao próximo capítulo e quem sabe ter um final feliz: dormir.

Você não precisa ser santa para ousar, nem anta para ousar além da conta.

Naqueles corredores minúsculos, às vezes cheio de flores novas ao chão ou de tempo quente em frente. Nesses dias, ela assiste, em cada passo, ao correr dos dias, das horas, dos minutos, dos segundos tão cansados e dispostos a correr atrás daqueles desejos tão presentes no futuro mas criados agora. É que praticar o agora faz efeito amanhã.

Houve beleza ainda que em tempo feio. Afinal, por que se é tão bom dormir ou ler um bom livro, acompanhado de um leite quente, em dias assim? Ela passou o dia sorrindo, para o espelho. Para as pessoas ao lado. Para a pessoa falante, ali em frente ao quadro-negro. Aprendeu, apreendeu e sorriu uma, duas, três vezes. Agradeceu agora, aquela hora, toda hora. Agora de novo. E no próximo agora também.

As impressões são sempre profundamente intensas. A impressão que fica depois de uma briga, mesmo quando tudo já está às boas, sempre fica um rastro de tristeza no ar. A impressão de um momento muito feliz, você fica anestesiado por algum tempo. As impressões duram no mínimo horas. Outras, duram dias, semanas. E há aquelas que duram muitos e muitos anos, a exemplo do que os espíritas dizem sobre pressentimento, que são as impressões que ficam na gente depois de assistirmos, assim que nascemos, a um filme do que vamos viver. Os fatos em si são esquecidos, mas a emoção que sentimos fica ali guardada para sempre. Então, veja. As impressões ficam impressas no coração.

Numa sociedade em que cada vez mais se valoriza o ter em detrimento do ser, a educação é a oportunidade e talvez a última esperança de uma transformação real de toda a espécie humana. Mas não me refiro somente àquela educação que transporta da ignorância ao conhecimento. Defendo aqui algo muito maior que conhecimento. A sabedoria. Se é na escola que a gente aprende que o legal é ser inteligente, tirar boas notas, ter bons-modos, ser bem-sucedido, é nessa mesma escola que a gente aprende o que é a raiva, a inveja, o ciúme, a rejeição. No entanto, diferente daquele primeiro, essas últimas são lições que não se aprendem dentro de uma sala de aula. E se estamos falando de crianças, elas só vão saber lidar com isso de forma benéfica se tiverem a orientação correta - dos pais ou de educadores. Afinal, como todo sentimento novo, elas desconhecerão aquilo que estão sentindo, sofrerão e, sob um impulso do próprio instinto de sobrevivência, poderão ter atitudes que a própria escola certamente va...

Todos os dias um arrastão de pensamentos atropela todas aquelas pessoas bem arrumadas, bem perfumadas, bem plastificadas, bem endinheiradas, demonstrando que elas não estão nada bem consigo mesmas.

Dessas vontades com idades, as minhas foram poucas. Apenas aos onze anos, quando passei a ter uma vontade absurda de ter treze. E depois, a vontade dos dezoito, para tirar carteira de motorista. Mas a partir de então, a vontade era doce, doce de infância. Vontade do tempo em que não se é besta e que não se pensa (a não ser na próxima brincadeira). Vontade da convivência que se vive. Vontade de não ter saudade.

Não. Você não tem ideia de como a presença dele é forte em mim. De como penso nele 24 horas, de como vejo o rosto dele 24 horas, de como estou com ele 24 horas. Você não tem ideia de como todas as noites desejo dormir para sonhar com ele. Você não tem ideia de como fazer aniversário é, para mim hoje, mais do que nunca, motivo de orgulho. Orgulho por ser do sangue dele, por ser parte dele, por ser um pouco dele, por nascer do amor dele.

Acostumada com a agenda de compromissos, sábado foi um dia estranho pra ela - livre. Foi e voltou algumas inúmeras vezes, porque a cada volta ela despertava para sua nova inédita realidade. E, então, voltava em busca de algo a se fazer. Foi à loja de móveis, de decoração, de roupas, a livrarias, a sorveterias, comprou lá, comprou ali, e no fim do dia, voltou triste pra casa. Que tédio.

A beleza é, em seus mistérios, triste. Minha alma chora ao ouvir Cartola. E a dificuldade em falar não é por outro motivo que não o nó na garganta. Tudo em mim dói e sofre. Mas, que seja. É por Cartola.

Gosto de gente, gosto de programações, gosto de reuniões, gosto de invenções, mas gosto mais ainda quando tudo acaba. Tudo tende a um cansaço e a um tédio que só sossega em meio a algum silêncio - o da minha casa. Quando meu tempo acaba, a necessidade de correr é enorme. E só assim posso guardar para sempre aquele momento perfeito de um dia ou noite inesquecível.

Quando você me desgasta eu desgosto de você. E o meu amor vira dor.

Ah, e eu, que vezes sou tão quieta, tão abstrata, tão cheia de ses, falo coisas que não pertencem ao meu coração e à minha razão. De onde mesmo vem o perdão?

Mas é preciso ter pulso para controlar impulsos. A mente é uma ditadora perversa, tirana, cruel, imediatista, uma hedonista do mal, egoísta. A culpa é toda, toda dela.

Gostaria de me entender mais do que acho que me entendo. Às vezes, quando tudo parece certo, sinto um desconforto incerto. Algo em mim fala mais alto do que a minha própria voz e me alcança e me convida para o embate. E o que eu quero, verdadeiramente, é debate.

De uns anos pra cá venho buscando respostas pra muitas coisas que fogem à nossa compreensão. Mas especialmente este ano, comecei com uma vontade enorme de me conhecer mais. Saber o que se passa dentro da minha cabeça e do meu coração. Entender por que sofro tanto com certas coisas e não sei lidar com tantas outras. Saber o que é o medo, a dor, a tristeza, a angústia, o vazio. O porquê da raiva, das brigas, dos conflitos, da impaciência. E desde então, tenho lido muito sobre tudo que é relacionado. Até que eu descobri o Corpo de Dor. Você já tinha ouvido falar sobre isso?! Eu não. E pra mim, essa descoberta foi surpreendente. O Corpo de Dor é como se fosse um outro você dentro de você. Mas um você do "mal". O Corpo de Dor é uma energia semiautônoma que vive dentro da gente e existe exclusivamente para a sobrevivência. E como um ser vivo que é, precisa se alimentar. Mas se alimenta da infelicidade, de emoções negativas, do sofrimento. Acho até que o pensamento ruim é o prato pr...

Aqui eu posso contar que todas as vezes que você liga o som, a comida desce difícil pra mim. Por mais que eu entenda e compreenda que tudo é normal e que deve estar bem, meu coração diz outra coisa. E é nele que preciso confiar. Afinal, é só por causa dele que estou aqui hoje. Você me entende? Espero que no fim do dia o único som que possamos ouvir seja o dos nossos corações.

Ontem, alguns sentimentos que eu tinha tanta dificuldade de expressar e administrar ganharam um colo. Passar dias e anos sendo apenas entendida, e não compreendida, era doloroso. Mas não mais. Minha estranhidade chegou a um lugar-comum de uma história arrastada por uma guerra, que agora, em meu coração, ganhou um pouco mais de paz.

O ano começou de dentro pra fora. Alguma coisa muito bonita aconteceu e hoje é possível sentir a leveza do ser entre o cinza da cidade, as pedras das avenidas e as notícias da vida.