no meio do caminho tinha um cachorro
Quase todos os dias vou a pé ao trabalho. O percurso dura de 10 a 15 minutos, dependendo do meu sono. Mas ultimamente tenho feito em tempo recorde graças aos inúmeros pit bull, rottweiler e outros cachorros de raça meiga que resolvem vir ao meu encontro (ou de encontro a mim, que é o que eu sempre temo). No entanto, eles nunca estão sozinhos. Estão sempre acompanhados de seus donos - a maioria homens. E é engraçado. Não sei se pela própria imponência do cachorro, mas tenho a impressão de que a masculinidade é reforçada graças à presença do animal. Eles (os donos) caminham como se estivessem fitando algo a 300 metros de distância, com o rosto levemente erguido, peito estufado e ar de "sou macho, irmão!". Traduzindo: distraídos. E isso é preocupante, porque se os cachorros resolvem correr atrás de mim, talvez consigam escapar. Afinal, até então, seus donos acham que estão no controle. Mas, ainda bem que isso nunca aconteceu e prefiro que as coisas continuem exatamente assim, eu chegando cada vez mais cedo ao trabalho e eles se achando os mais fodas do mundo. Bom, passado esse percurso, vem o caminho dos cocôs nas calçadas. É que trabalho num bairro residencial, num lado verde de São Paulo, sem muitos concretos ou buzinas. E é nesse oásis que algumas senhoras da região resolvem levar seus bichinhos de estimação para passear - e cagar. E isso acontece de tarde. Eu sei que são senhoras e bichinhos e no horário da tarde, porque eu vejo tudo isso quando estou voltando pra casa. Enfim, sobra pra mim no outro dia pela manhã, que tenho que fazer todo o percurso olhando pra baixo e parando de pouco em pouco pra ver se meu tênis não está sujo. Seguindo em frente, o último trecho que faço já é o da rua da minha agência. E é quando ganho minhas manhãs. E não falo isso porque já não tem mais cocô nem machos men com seus machos dog. Mas porque todos os dias eu vejo, grudado no portão de uma casa, um boxer que é a coisa mais linda do mundo. Embora eu não tenha nada contra cachorros mas prefira eles lá e eu aqui, este boxer me encantou. E de tal maneira, que acho que, no fundo, no fundo, a minha pressa de chegar é para encontrá-lo logo e finalmente ganhar um bom-dia.
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