textos do tamanho da sua paciência

- Eu não entendo. Você ainda me ama, não é? - Sim, muito. - Mesmo depois de tudo o que eu disse? - Mesmo. - Mesmo depois de tudo o que eu fiz, não mudou nada? - Nada. - Então o que mudou?! - O meu amor por mim.

Quando a gente cresce, sem querer a gente esquece que brincar é verbo de infância. Que os carros já não são mais de plástico. Que as pessoas não são bonecos. E a gente machuca e se machuca. Faz cara de manha. De choro. E chora. E de novo, sem querer, a gente esquece que tudo é mais leve do que se parece.

Hoje meu sol é um dó.

Você foi tão cedo embora. E eu tão tarde aprendi a viver. Não deu tempo.

Ah, meu coração. Será que ele aguenta? Será que vai dar conta? Será que em algum momento, de tanto correr assim, acelerado, não vai se cansar? E então cansado, querer descansar? Nada mais justo, não é mesmo? Não, não. É injusto.

Hoje, pode vomitar conselhos recalcados, vontades insatisfeitas, sermões malsãos. Hoje eu só dou ouvidos a uma pessoa: Norah Jones.

Os egoístas são tão solitários. Talvez porque queiram mesmo. Talvez porque ser o umbigo do mundo seja a grande ambição. Mas talvez também porque não sabem que são assim, tão solitários. Porque se soubessem, talvez despertariam na dor. E ao contrário do que pensam, talvez seja simples não ser mais assim. Talvez seja tão fácil como trocar o t pelo d. Mas aí, de solitário para solidário, não seriam mais egoístas.

Ela entrou no metrô com seu cabelo loiro reluzente e uma língua que não era o português. Enquanto ela falava, ele a encarava com olhos que quase não piscavam. Ela percebeu. Ele enrubesceu. Ela gostou. Passou a acompanhá-lo de soslaio e imaginou: aquilo seria um encontro? Ele se empolgou. Continuou a fitá-la e imaginou: um dia ainda conheço outro país.

Algumas pessoas ficam mais bonitas com o tempo. Outras, mais bonitas em momentos. Há ainda aquelas cuja beleza pode se notar na tristeza. Porque a felicidade, esta se vê nos olhos muito antes de chegar ao sorriso. Tem gente que fica bonita por um gesto. Ou por aquela palavra certa num segundo feio. E toda gente, sem exceção, é bonita quando se quer. Apenas assim, quando se quer.

Eu não sei lidar com amores impossíveis. Nem possíveis. Felicidade é muita responsabilidade.

Como a Melancholia de Lars von Trier, o fim de um tempo que não volta mais. Daqueles tempos marcados por pessoas que não voltam mais e de chances idem. Nostalgia de algo que não aconteceu, mas que poderia ter acontecido.

Durval Discos é o cenário. A trilha, Mestre Jonas e sua baleia. Seria a história perfeita, se a protagonista não fosse Nina, de Cisne Negro.

Nina percebeu seu provincianismo. Quis se desfazer de pensamentos velhos. Quebrou todos os seus LPs. E passou a colecionar CDs do Bob Marley.

Mais do que nunca, Nina quis recuperar o tempo perdido. Tentou jogar fora os cacos. E entre uma tentativa e outra, acabou cortando seu coração.

Para ser feliz, há que ter fim. Se não há, nostalgia. E Nina viveu para sempre presa dentro da baleia.

Dorme, porque amanhã os problemas serão novos e outros. Dorme, porque você é energia e precisa se recarregar. Dorme, porque nenhum dia será como amanhã e você pode recomeçar. Dorme, porque a vida é aqui e agora e sem dormir você não vai se concentrar. Dorme, simplesmente dorme, porque o seu sono não pode esperar.

A paz já foi escrita. Só falta o orgulho clicar em 'enviar'.

Às vezes penso tantas coisas sobre você que tenho medo que escute. E eu não quero que você escute. Mas você percebe. E eu não quero que você sequer desconfie de alguma coisa. Então eu nego para mim. E me entrego para você.

Não há nada que eu possa fazer, a não ser te esquecer. Você não tem remédio.

Ela chega a ponto de bala. Pronta para brigar. Ele chega querendo tudo e diz tudo. Ela diz chega! E ele chega.

O amor não tem idade. Não se sabe a data de nascimento porque ele sempre esteve ali, adormecido. Até que um belo dia despertou, como num conto de fadas. E então, disse: me belisca?

Não gosto de deixar ninguém me esperando. Nem a salada de frutas na geladeira.

- Você tem certeza? - Acho que sim.

Ao conversar com o silêncio, descobri que meu coração fala.

Estou certa de que o certo nunca é aquele que se faz depois de muito pensar. O certo surge do desprendimento, do sentimento sem julgamento, da vontade de ajudar.

Eu não esperava nem um segundo de três anos. Era demais para minha consciência tão pequena e tão devedora de mim mesma. Agora eu espero para ver.

Liberdade não tem nada a ver com vontade. Apenas com verdade. Aquela que se carrega convicta dentro do peito e que não é passível de nenhum efeito. Liberdade é o amor do filho desgarrado, o amor do pai desapegado. É viver sem a barreira do medo e respirar fundo, sem se preocupar com o próximo segundo.

Quando se está a mil por hora, parece que o coração se autodevora. Deveria ser proibido cabeça sobrecarregar coração.

Você me pergunta de 5 em 5 minutos se está tudo bem, como se desejasse que não estivesse. E mesmo desejando que esteja, você sofre com a possibilidade do não estar. Então agora eu que pergunto: está tudo bem com você?

O e-mail fica aberto para que alguma esperança respire. A espera só faz lembrar meu exagero de cadastros em sites aparentemente interessantes, os quais não se cansam de me enviar mensagens imbatíves de promoção. Eles lembram de mim. Mas e ele? Será que me esqueceu? E se lembra, por que a demora? Para que tanto suspense? Opa, chegou um e-mail. Preciso ver. Até mais.

"Genialidade é experiência". Esta frase, citada por Henry Ford, parece batida ou ainda uma versão clichê daquela máxima que 1% é inspiração e os outros 99%, transpiração. Mas o significado vai mais longe. A experiência a que Henry Ford se refere é o resultado do que produzimos ao decorrer de nossas vidas. Como almas eternas, já habitamos diversos corpos, milhares de vezes, em busca da evolução. Assim, tudo o que aprendemos e praticamos de bom em cada vida se acumula e é visto como talento ou herança genética na Terra. Como poderia Mozart, aos quatro anos de idade, ser tão exímio e preciso? Genialidade é experiência. Nada mais libertador e motivador. Especialmente para aqueles que não viam sentido em estudar e trabalhar tanto, já que a morte é inevitável. Inevitável é, na verdade, a vida.

Que a loucura comece low e termine com cura. Que seja um hobby. E como um hobby, seja nobre e acalme os pensamentos. Que cure a tristeza, a arrogância, a falta de vontade, e tire a alma do lugar: detrás dos pensamentos sem qualidade.

Quantas vezes eu ensaio mensagens no celular para você. Mas elas acabam indo para o Rascunho, de onde talvez tenha saído esse meu sentimento. Porque, você sabe, ele ainda não é uma obra-prima. Eu preciso suar a camisa para isso e você sabe disso. Como ficamos nós? Um sonho lindo preso no papel. Ou melhor, na tela do meu celular.

Você cheio de dedos nada lembra um ET. Fica até mais bonito.

Foto: Silêncio, de Thiago Ventura Quando você me dá carinho, parece que eu viro um passarinho. Fico leve e vou às nuvens, como se estivesse sobrevoando meu próprio coração.

Desconheço-me à medida que me conheço. E então vejo como o caminho certo é na verdade incerto. Alguém aí me empresta um telescópio? Pois preciso enxergar longe, muito longe: dentro de mim.

Dentro de mim há alguém que não perdoa este instante. E no instante seguinte, não se perdoa.

Por que que, quando passa, o tempo não disfarça? Viva o corretivo, viva o pó, viva a maquiagem!

Aos 28, o que eu desejo é um biscoito. Daqueles recheados de infância, de tardes coloridas, de alegrias sem hora para acabar.

Sempre que o coração aperta, a alma desperta.

Ela se alimenta de cacos para disfarçar a dor. E esquece que os cacos nada mais são do que o caos disfarçado.

A vida é tão provisória. De que bobagens são feitos os seus dias? Perda maior que a de tempo não há. Há quantos anos você está de luto? De minuto em minuto, chega-se ao apocalipse da alma.