valentina
Valentina gostava de tomar remédios. Mas não qualquer remédio: tinha que ter cores. Gostava de tomar pílulas coloridas. Na suíte dela, entre o quarto e o banheiro, havia um pequeno armário, instalado especialmente para guardar muitas delas, das mais diversas cores. Ali era o seu lugar preferido na casa.
Ela vivia em função do horário de tomá-las. E por isso tudo o que fazia era tensão. A leitura de um livro era alternada à leitura do relógio. Na cozinha, a comida era feita em tempo cronometrado. Se recebia visitas, ficava inquieta no sofá, tinha pressa em conversar e ficar sozinha. Nada, absolutamente nada a distraía nem diminuía a angústia que sentia. Ela passava o dia inteiro com a cabeça voltada para o carrilhão da sala, torcendo para que os ponteiros indicassem o horário de encontrá-las. Se estava em outra área da casa, não era difícil imaginar que o relógio havia tocado, tamanha era a sua vontade de ganhar um pouco mais de cor. Valentina não era como as outras meninas da sua idade.
A dor que sentia era tão grande, que passou a sofrer até no momento mais esperado do dia. Porque ela sabia que em menos de 1 minuto teria que esperar tudo de novo. E de novo e de novo. Mas ainda que pouco, aqueles segundos eram o seu respiro. Então, a vida desbotou pra ela.
Ela vivia em função do horário de tomá-las. E por isso tudo o que fazia era tensão. A leitura de um livro era alternada à leitura do relógio. Na cozinha, a comida era feita em tempo cronometrado. Se recebia visitas, ficava inquieta no sofá, tinha pressa em conversar e ficar sozinha. Nada, absolutamente nada a distraía nem diminuía a angústia que sentia. Ela passava o dia inteiro com a cabeça voltada para o carrilhão da sala, torcendo para que os ponteiros indicassem o horário de encontrá-las. Se estava em outra área da casa, não era difícil imaginar que o relógio havia tocado, tamanha era a sua vontade de ganhar um pouco mais de cor. Valentina não era como as outras meninas da sua idade.
A dor que sentia era tão grande, que passou a sofrer até no momento mais esperado do dia. Porque ela sabia que em menos de 1 minuto teria que esperar tudo de novo. E de novo e de novo. Mas ainda que pouco, aqueles segundos eram o seu respiro. Então, a vida desbotou pra ela.
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