cacos
Todo dia pela manhã ela toma um banho quente e se veste de saudades. E então, sai por aí, combinando sua calça preta com a blusa meia-estação da mesma cor. E sai à procura. Ela procura nos pontos de ônibus e em cada trem de metrô. Procura nas ruas escondidas, na banca de jornal, no supermercado. Procura em cada canto um rastro, uma pista, algum resquício do que sobrou dela mesma. Cadê?! Ela não reconhece mais nada. Não reconhece pessoas, nem lugares, e o mundo é apenas uma grande bola azul que só faz deixá-la ainda mais zonza. Veja, está escurecendo. É de noite que tudo finalmente se esclarece. E ela finalmente pode chorar.
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