Sacolinha

Em maior ou menor grau, todos somos sacolinhas. Estamos sempre com uma a tiracolo, carregando pra lá e pra cá coisinhas que achamos que podem ser necessárias. Um guarda-chuva, vai que chove. Uma garrafinha de água, vai que dá sede. Uma blusa de manga comprida, vai que esfria. E ainda aquele outro tipo de sacolinha, mais subjetivo. Não vou tomar cerveja, vai que ele não gosta. Não vou dar um gole da água que tem no carro dele, vai que ele fica bravo. Não vou dar leves mordidinhas no pescoço dele, vai que machuca os gânglios. Melhor ficar quietinha, nem dar beijos quentes quando deitamos para dormir. Vai que ele não gosta. Não vou levá-la a jantares de amigos, vai que ela não gosta. Não vou me atrasar, vai que ela fica brava. Não vou falar de política, vai que ela não gosta. Não vou falar de filosofia ou espiritualidade, vai que ele não gosta. Vai que isso. Vai que aquilo. É tanta sacolinha que, em maior ou menor grau, a gente acaba sufocando.

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