Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2017

Coração partido

A saudade que dói funda no peito guarda um defeito. A lembrança que não falha, o desalento do momento que já não volta mais.

Saudade aguda

Dói um bocado não ter você ao meu lado. E pra não piorar esse meu lado, deixo você mais pra lá do que pra cá na minha vida. Você lá. Eu aqui. Você querendo longe. Eu querendo perto. Você querendo assim. Eu querendo você.

Presente

Se descêssemos hoje no planeta Terra pela primeira vez na vida, e descêssemos no exato momento em que nos encontramos, do jeito que estamos e somos. Se as paisagens fossem desconhecidas e não soubéssemos os nomes das coisas. Se desconhecêssemos os cheiros, os sabores. Se não soubéssemos que a aspereza de uma rocha pode machucar. Se não fizéssemos ideia do que são os sentimentos e que um coração bate dentro do peito. Se assim fosse, será que seríamos tão sensíveis? Será que tanta coisa pareceria impossível? E que lugar estariam os nossos pensamentos?

Sacolinha

Em maior ou menor grau, todos somos sacolinhas. Estamos sempre com uma a tiracolo, carregando pra lá e pra cá coisinhas que achamos que podem ser necessárias. Um guarda-chuva, vai que chove. Uma garrafinha de água, vai que dá sede. Uma blusa de manga comprida, vai que esfria. E ainda aquele outro tipo de sacolinha, mais subjetivo. Não vou tomar cerveja, vai que ele não gosta. Não vou dar um gole da água que tem no carro dele, vai que ele fica bravo. Não vou dar leves mordidinhas no pescoço dele, vai que machuca os gânglios. Melhor ficar quietinha, nem dar beijos quentes quando deitamos para dormir. Vai que ele não gosta. Não vou levá-la a jantares de amigos, vai que ela não gosta. Não vou me atrasar, vai que ela fica brava. Não vou falar de política, vai que ela não gosta. Não vou falar de filosofia ou espiritualidade, vai que ele não gosta. Vai que isso. Vai que aquilo. É tanta sacolinha que, em maior ou menor grau, a gente acaba sufocando.