"O amor é um processo de libertação permanente." Li esta frase hoje em um texto compartilhado no Facebook. Nada mais lindo para uma manhã chuvosa de segunda-feira. E nada mais verdadeiro para uma rede social.
Hoje as notícias parecem velhas e a previsão é de chuva. O tempo, que já era curto, agora corre de mim. Os dias estão contados para que nenhuma dúvida respire. Mas em algum lugar pulsa uma vontade de gritar mais do que suporta minha voz e menos do que eu gostaria de ouvir. Enquanto vou ao encontro de, tudo vem de encontro a. A vida apresenta a felicidade no mesmo instante que cumprimenta a dor (e ainda, ironicamente, diz: é um prazer conhecê-la). Cada um escolhe a cor que vê o mundo. Mas agora, para mim, é você quem tem dado o tom. Desejo, do fundo do meu coração e da minha alma, que o encanto não acabe. Que o sorriso não se desmanche. Que o beijo não se desgaste. Que os olhares não se percam. Que a vontade não desfaleça. E que o fim, ainda que feliz, morra antes de nascer.
Quando criança, dor é ralar joelho, levar um tombo, bater a cabeça. Quando criança, dor já vem com prazo de validade: antes de casar sara. Mas e depois que a gente casa, como faz? As dores são mais profundas, e ainda não inventaram gelol para alma. Ainda não inventaram merthiolate para coração partido. Quando vai passar, se talvez nunca? Dor de adulto tem cura, doutor?
Às vezes é difícil perceber o óbvio. O óbvio é claro demais, e a gente precisa mesmo do escuro pra tentar enxergar alguns detalhes com mais clareza. O problema é ver o mundo cor-de-rosa quando se é daltônico. Aí, enquanto você sorri para o mundo, o mundo ri de você. E foi assim, tentando fazer a coisa certa que fiz do jeito mais errado que existia. Tudo se perdeu pelo caminho e ele, que era para ser futuro, virou passado. Mas um passado difícil de ser esquecido e ruim de ser lembrado. Virou particípio. Porque podíamos ter ficado juntos. Podíamos ter dado certo. Podíamos ter casado. Podia ter sido o homem da minha vida. Verbalizar uma vontade nem sempre é gramaticalmente correto. Porque você pode conjugar um verbo no tempo errado. O que você acha que será às vezes já foi há muito tempo ou, ainda, não-era-pra-ser. Você ainda pode, seguramente, querer conjugar um verbo irregular. Mas, meu caro, debalde. Não adianta forçar sentimento. Nem para o melhor deles, que é o amor. Você, que sempre...
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