Cansaço que não descansa
Da vontade de dormir vem o sono. E assim tem sido todas as vezes que aquele frio invade meu corpo. Nem por culpa de causas nem coisas nem de ninguém, mas de um chão que se esvai toda vez que sonho em pisá-lo. Tornou-se um monstro que me domina e me mantém presa sob uma temperatura que queima por dentro e ao mesmo tempo congela por fora. Pobres mortais que somos. Da alma que crê no que não é crível até ao pensamento que desola existe um espelho de desordem. É possível ver imagens distorcidas de forças que insistem em enfraquecer. É o vazio ocupando o cheio com escuridões que não pertencem ao espaço. A sanidade se confunde à loucura enquanto todas as atenções estão voltadas a um vácuo de dúvida, que dura para sempre alguns minutos. Se aqueles olhares se doam até ao que ainda não se pode ver, por que se distrai ao que quer nascer? É a velocidade atropelando os sentidos, fugindo do que é certo, para que o agora nunca chegue. Mas o agora é eterno. E a alma, mesmo embevecida, esconde tudo o que deve mostrar porque está sonolenta demais para abrir os olhos.
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