Razão de ser
Sou contra pessoas que banalizam o verbo odiar e vivem odiando coisas. Mas sou a favor do sentir raiva. Porque não condeno sentimentos que nos fazem crescer. Se for para exorcizarmos os fantasmas ou aprendermos a ser menos tontos, então, dona Raiva, seja bem-vinda. Aliás, do que seria a calmaria se não fosse a tempestade? A raiva cutuca a gente e esfrega na nossa cara o quão medíocre ou ser humano somos. É um momento para arregalar os olhos e mudar o foco. Mas nada de orgulho ou mágoa, porque ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra. (Shakespeare) E ao se lembrar do que te faz mal, seu organismo descarrega uma energia absurda e você acaba tendo um desgaste emocional gigante. E não se pode sofrer um estresse assim à toa. Tem que valer pra alguma coisa. Mas, aí, que vai fazer, ninguém tem sangue de barata. Então, vai, coloca essa peruca loira e se finge de burra. Vai, se disfarça por mimetismo e saia de cena, para que o final não seja assim tão infeliz. Mas seja muito rápida, porque se der tempo de contar até dez, a raiva pode passar e você vai se odiar por ter voltado para os braços dele.
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