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Mostrando postagens de novembro, 2009

destempero

Logo eu. Logo eu que sempre gostei das coisas milimetricamente guardadinhas, bonitinhas, nos seus devidos lugarezinhos, vem o furacão e joga tudo pro chão, pro ar, pela mão. Agora sou eu que estou fora do lugar. Confundindo razão com emoção só porque o coração bate um pouco mais acelerado. É que eu corri um pouco para que nada escapasse das minhas mãos, entende? Por isso o meu cansaço e essa ilusão quase perfeita de que a vida pode sim ser menos drama e mais ação. Mas não se engane. Ele veio para fazer suspense, provocar terror, me fazer sentir desprotegida para que eu grite por carinho, para que alguma luz apareça, e ele finalmente aconteça.

ter de que

O ter-de me aprisiona. Mas o ter-que me liberta. O ter-de me inquieta. Mas o ter-que me aquieta. O ter-de me tira o ar. O ter-que me devolve. O ter-de me faz acontecer. O ter-que me dá prazer.

janela

Pra muita gente, janela é fôlego, liberdade, fuga, luz. Pra mim, é amor.

O tempo é um círculo vicioso

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incompletude

Olha. Eu não sei quando isso vai passar. E sinto, sinceramente, que não vai passar nunca. Preciso dizer com todas as letras o meu vazio, meu vazio tão cheio de faltas, de saudades, de vontades de sonhar pra abraçar, tatear e sentir mais perto. Preciso dizer com todas as letras o quanto hoje sou pela metade e ando aos pedaços por aí sem você. Preciso dizer que ainda que eu tente e me esforce para a dor não virar pânico, eu sinto muito medo de tudo sem você. E enquanto todo mundo acha que o pior já passou e está tudo bem, na verdade eu apenas aprendi a viver com o nó. Completamente incompleta.

terça onírica

O lado ruim de dormir é sempre aquele em que você acorda. Principalmente quando isso acontece acompanhado de um sonho fresco na memória, daqueles que vão um pouco mais longe e transcendem o campo cerebral - chegam ao coração. Acordar assim é emoção.

maturamente edificada

De vez em quando sinto pontas. E se isso um dia chegou a desestruturar a fluidez das coisas, hoje apenas inexiste. Inexiste pelo seu tamanho e força que agora soam só como um incomodozinho, desses bestinhas e medíocres. Mas você sabe que está ali. E de vez em quando, como num enjoo de perfeição, resolvem dar as caras pelo lado ruim das horas. No entanto, diferente de outros tempos, já não causam efeitos, nem reflexos. Só fazem cócegas.

headstock

Para quem não acredita em promessas de fim de ano e acha que elas são tão surreais quanto a sorte de lentilhas, este blog é o ver-para-crer dos incrédulos. Da minha necessidade de esvaziar a cabeça veio o Head - o Headstock. Mas veio este ano. Porque embora o histórico de arquivos registre alguns anos antes de 2009, foi neste ano que veio a minha promessa, ainda que íntima, de finalmente escrever. Descobri através das minhas palavras um descanso. Escrever é uma maneira de ver as coisas de fora e de me fazer enxergar um pouco além do que os meus óculos podem mostrar. Honestamente, eu não lembro mais quem eu era há pouco mais de um ano. E honestamente, me recuso a lembrar. O que eu sou, eu sei agora. E de tudo o que eu pretendia ser, agora só Deus sabe.

enquanto você não chega

Enquanto você não chega, eu escuto a porta se abrir e de minuto em minuto até vejo você entrar. Enquanto você não chega, eu ouço as esquinas gritando que o seu motor está passando e logo logo você vai estacionar. Enquanto você não chega, eu te culpo e me culpo de medo, por imaginar segredos que eu nunca poderia imaginar. Enquanto você não chega, o sono se cansa de esperar e à cama se entrega, na esperança de um dia você voltar.

quase sem nenhuma

Ao contrário do que muitos pensam, o drama conspira para o bem. Porque o conflito é mais saudável do que a paz inércia. Se tudo estiver perfeito demais é cosmético.

verde-imaturo

Você nunca desconfiou que por trás daquela camisa de algodão e daquela calça de linho não existia nenhuma roupa azul, nem capa vermelha. Eu nunca quis mesmo que você crescesse.